NOVA REGRA DA CAIXA PODE DIFICULTAR VENDA DE IMÓVEIS NOVOS - 19/08/2017 - POR AGENCIA O GLOBO

Banco ampliou exigência de entrada no financiamento da casa própria.

    A mudanças anunciadas esta semana pela Caixa Econômica Federal no crédito imobiliário, exigindo uma entrada maior no financiamento, devem ter dois efeitos maís imediatos. O primeiro é dificultar a venda de unidades prontas em estoque pelas construtoras. Em paralelo, pode reduzir a aquisição de imóveis populares, como os do programa Minha Casa Minha Vida, alvo de consumidores com pouca ou nenhuma capacidade de poupança, avaliam especialistas do setor.
    O Banco reduziu os limetes de financiamento de 90% para 80% do valor do imóvel, no caso das unidades novas, e de 70% para 60% nos usados. A medida atinge os emprèstimos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) - para o programa Minha Casa Minha Vida e linhas Pró-Cotista e CCFGTS - e do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos. Nos financiamentos regulados pela tabela Price, o limite para imóvel usado baixou de 70% para 60% na linha Pró-Cotista e de 80% para 70% no CCFGTS.
    O maior impacto, de início, será na venda dos imóveis em estoque, hoje o grande problema do mercado. O Rio passou os últimos dos anos vendendo imóveis novos prontos. E tem estoque para dois anos - diz Claudio Hermolin, presidente da Ademi-Rio, que reúne as construtoras que atuam no mercado carioca, e da Brasil Brokers.
    A decisão da Caixa, continua ele, gera incerteza no mercado, para consumidores e construtoras. A Caixa detém quase 70% de todo o financiamneto imobiliário do país, com R$ 413 bilhões emprestados.
 
    Impacto para baixa renda
 
    Leonardo Schneider, presidente do Secovi-Rio (o Sindicato da Habitação do Rio), concorda em parte com Hermolin:
    - Vejo como um ajuste feito pela Caixa para evitar problemas de falta de liquidez. Foi suave, já que o límite continua a representar uma grande fatia do preço do imóvel. Mas há o impacto subjetivo. No momento de retomada, com a queda da taxa de juros, vem a redução do teto para financiamento - pondera ele.
    No caso dos imóveis do segmento popular, contudo, a redução do límite para financiamento pode excluir consumidores do mercado, alerta João da rocha Lima Jr., coordenador do Núcleo de Real Estate da Escola Politécnica da USP.
    - Nas rendas mais altas, a capacidade de poupança das famílias é mais maleável. Na baixa renda, é extremamente reduzida ou nula. Se diminui o límite de financiamento, terá efeito expressivo.
    Para Hermolin, ainda é cedo para saber se os bancos privados vão acompanhar o movimento da Caixa, que detinha o maior límite de crédito.
    - Pode puxar maior concorrência entre os bancos privados para oferecer as melhores condições de financiamento, as melhores taxas, e isso é um ponto positivo para o cliente e para o cliente e para o mercado - afirma Edson Pires, diretor da Sawala Imobiliária.
    Os clientes com avaliação de crédito para obtenção de financiamento imobiliário junto à Caixa aprovada até a última terça-feira poderão tomar empréstimo pela regra antiga praticada pelo banco.